Guarda de Diadema (SP) é investigado por morte de rapaz em rodovia

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A Polícia Civil investiga o envolvimento de um guarda civil, que estava de folga, na morte de um jovem, de 21 anos, no último sábado (11) na Rodovia dos Imigrantes, em Diadema, cidade da região metropolitana de São Paulo. 

De acordo com a Secretaria de Segurança, o guarda "seguia com a sua moto pela Rodovia dos Imigrantes quando reagiu a uma tentativa de roubo, atirando contra os assaltantes". O jovem foi baleado.

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Segundo a polícia, os dois homens, atingidos pelo guarda, foram presos. Eles estavam em uma motocicleta roubada, que foi devolvida ao proprietário.

Não há confirmação se o tiro que matou o jovem partiu da arma do guarda municipal. A investigação pela 3° Delegacia de Polícia de Diadema deve esclarecer as circunstâncias da morte. 

Painel do Ministério Público estadual registrou 34 mortes atribuídas a GCMs em 2024, das quais por 15 profissionais que estavam de folga, como no caso ocorrido em Diadema.

O total de mortos por agentes de forças de segurança no estado de São Paulo, no ano passado, foi de 835, sendo 147 por agentes em folgas.

* Colaborou Camila Boehm



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-01/guarda-de-diadema-sp-e-investigado-por-morte-de-rapaz-em-rodovia

São Paulo confirma primeiro caso de febre amarela em humano em 2025

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A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou o registro do primeiro caso de febre amarela em humano este ano. Trata-se de um homem de 27 anos, morador da capital paulista.

Ele esteve em Socorro, na região de Campinas, onde também houve notificação recente de um caso de febre amarela em macaco.

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O estado registrou dois casos da doença em humanos em 2024 - sendo um autóctone (com origem dentro do estado) e outro de um homem contaminado em Minas Gerais, que morreu.

O Instituto Adolfo Lutz já confirmou nove casos da doença em macacos, sendo sete na região de Ribeirão Preto, um em Pinhalzinho e o outro em Socorro.

As ações de vigilância em saúde e vacinação foram intensificadas nessas regiões, além da recomendação de cuidados para quem irá viajar para áreas de mata.

A vacina contra a doença está disponível em postos de saúde e deve ser aplicada ao menos 10 dias antes do deslocamento para regiões com casos. 

Febre amarela

A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos silvestres. Um indicador de sua presença se dá com a morte de macacos, que também sofrem com altos índices de mortalidade quando contaminados.

O avistamento de macacos mortos deve ser informado às equipes de saúde do município. 

Os sintomas iniciais da febre amarela são febre súbita, calafrios, dores intensas no corpo e cabeça, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza recorrentes.

* Texto atualizado às 21h41 para correção de informação. Homem identificado com a doença é morador da cidade de São Paulo.



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-01/sao-paulo-confirma-primeiro-caso-de-febre-amarela-em-humano-em-2025

Nova fiscalização de Pix reduz chance de malha fina, diz Receita

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O reforço na fiscalização do Pix reduzirá a chance de o trabalhador cair na malha fina, disse nesta segunda-feira (13) o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Em entrevista à Voz do Brasil, ele voltou a desmentir a onda de fake news sobre uma taxação das transferências eletrônicas e reiterou que o trabalhador autônomo não é o foco do monitoramento.

Segundo o secretário, a modernização na fiscalização das transações financeiras permitirá ao Fisco fornecer dados mais precisos na declaração pré-preenchida, que reduzirão a chance de erros e de divergências. “Todo mundo gosta da declaração pré-preenchida. Você chega lá e não tem trabalho nenhum. Porque os dados, por exemplo, de saldo, de conta bancária e de aplicação financeira já estão pré-preenchidos. E por que já estão pré-preenchidos? Exatamente. Porque as instituições financeiras prestam as informações para a Receita Federal”, afirmou.

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Com a inclusão das fintechs (startups do setor financeiro), dos bancos digitais e das empresas de carteiras virtuais na prestação de informações, destacou o secretário, a declaração pré-preenchida será mais confiável. “Agora com as fintechs, com as instituições de pagamento também emprestando, a Receita Federal vai ter um dado mais sólido, mais correto. E isso diminui a chance de o trabalhador, o empresário, cair na malha fina da Receita Federal”, acrescentou Barreirinhas.

Para profissionais que recebem pagamentos por meio do Pix, reiterou o secretário, nada mudará. Até porque essas pessoas são fiscalizadas há mais de 20 anos. “Nada muda, porque a Receita Federal já recebia as informações de qualquer tipo de movimentação, inclusive de Pix, das instituições financeiras tradicionais. Se a pessoa nunca teve problema nos últimos 20 anos, não tem razão para ela ter a partir de agora, então nada muda para ela. É importante que o pequeno empresário, que a pessoa física, não caia nessas mentiras, nas fake news”, reforçou.

Foco

O secretário explicou que a nova fiscalização aumentou o limite de monitoramento de movimentações de R$ 2 mil mensais para pessoas físicas e R$ 6 mil para pessoas jurídicas para R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas. A mudança, esclareceu Barreirinhas, pretende aumentar o foco da fiscalização em suspeitas de lavagem de dinheiro ou de movimentações do crime organizado, sem afetar o trabalhador ou pequeno empresário.

“O foco da Receita Federal não é, repito, o trabalhador, a pequena empresa, o pequeno empresário. Não é. O foco da Receita Federal é em outro tipo de gente. É quem se utiliza dessas novas ferramentas tecnológicas para movimentar dinheiro ilícito, muitas vezes dinheiro de crime, de lavagem de dinheiro. Esse é o enfoque da Receita Federal. Não é, repito, o trabalhador, o empresário, o ouvinte de A Voz do Brasil”, declarou.

Fiscalização de décadas

Barreirinhas explicou que há mais de 20 anos, desde 2003, a Receita monitora movimentações financeiras. A nova instrução normativa, ressaltou, representou apenas o acréscimo dos novos tipos de empresas que operam meios de pagamento, mas não são formalmente classificadas como instituições financeiras, a enviar as informações ao Fisco duas vezes por ano. Mais uma vez, o secretário afirmou que a Constituição não permite a tributação sobre movimentações financeiras.

“Não é verdade que foi criado nenhum controle sobre o Pix. Isso já existia há muito tempo aqui no Brasil. O que a Receita Federal fez a partir de 2025 é deixar claro, tem as informações que sempre foram prestadas pelas instituições financeiras, pelos bancos tradicionais, têm de ser prestadas pelas chamadas fintechs. Essas empresas sem agência física, onde, muitas vezes, que você abre a conta pela internet, as fintechs ou instituições de pagamento”, explicou.



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-01/nova-fiscalizacao-de-pix-reduz-chance-de-malha-fina-diz-receita

Resultados do Enem 2024 já estão disponíveis na Página do Participante

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Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 foram divulgados na manhã desta segunda-feira (13) e podem ser acessados de forma individual por meio da Página do Participante. O usuário deve utilizar o login do Gov.br, com CPF e senha.

Após a divulgação das notas, o site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, responsável pela realização do exame, apresenta instabilidade.

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Ao todo, 4,3 milhões de pessoas se inscreveram para as provas, que foram aplicadas em 3 e 10 de novembro do ano passado.

Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, tornou-se a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são utilizados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitar as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2025-01/resultados-do-enem-2024-ja-estao-disponiveis-na-pagina-do-participante

Flamengo "alternativo" perde do Boavista em estreia pelo Carioca

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Dezenove anos depois, o Flamengo voltou a ser derrotado em uma estreia de Campeonato Carioca. Com um time alternativo, repleto de jogadores do sub-20, o Rubro-Negro perdeu para o Boavista por 2 a 1. O duelo, transmitido ao vivo pela Rádio Nacional, foi disputado na Arena Batistão, em Aracaju.

As equipes voltam a campo no meio de semana. Na quarta-feira (15), às 15h45 (horário de Brasília), o Boavista visita o Maricá, outro time que já soma três pontos, no Estádio João Saldanha. O Flamengo, zerado, continua no Nordeste, mas vai para Campina Grande (PB), onde pega o Madureira na quinta-feira (16), às 18h30, no Amigão.

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Com o elenco principal e o técnico Filipe Luís em pré-temporada nos Estados Unidos, o Flamengo iniciou o Estadual com o time sub-20, comandado por Cléber dos Santos, que treina a equipe de juniores. O grupo alternativo está reforçado pelo zagueiro Pablo, que voltou de empréstimo ao Botafogo, e o atacante Carlinhos, liberado para jogar após o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) converter o restante de uma punição de 30 dias em multa. Ele estava suspenso por ter quebrado a cabine do VAR depois de uma expulsão no jogo contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro do ano passado.

O Rubro-Negro sentiu a inexperiência no primeiro tempo e viu o Boavista controlar as ações. O time de Saquarema (RJ) chegou a balançar as redes aos dez minutos, com Zé Vitor, mas o lance foi anulado pela bola ter cruzado a linha de fundo antes do cruzamento que originou o gol, do também atacante Matheus Alessandro, pela esquerda. Mas, aos 35, não teve jeito: o lateral Vitor Ricardo recebeu pela direita e levantou na área para Zé Vitor, livre e de cabeça, abrir o marcador.

A etapa final começou agitada, com o meia Lorran aparecendo entre dois zagueiros para escorar cruzamento pela direita do lateral Daniel Sales e mandar rente ao travessão, aos sete minutos. No lance seguinte, o Boavista respondeu com o volante Caetano, que disparou pela esquerda, entrou na área e acertou a trave esquerda. Aos dez, a rede balançou, com Carlinhos. O centroavante aproveitou o rebote de um belo chute de Lorran, da entrada da área, que bateu no travessão, e completou de cabeça para as redes.

A festa rubro-negra, contudo, não durou muito. Aos 21, Resende encarou a marcação pela direita, levou para a perna esquerda e arriscou de fora da área. A bola explodiu no travessão e sobrou com Gabriel Conceição, que cabeceou para o meio. Melhor para o também atacante Raí, que apareceu batendo para recolocar o Boavista à frente.

A equipe do interior quase fez o terceiro, em contra-ataque armado aos 42 minutos, mas o goleiro Dyogo Alves, cara a cara com Resende, salvou o Flamengo. O atual campeão carioca ainda pressionou nos acréscimos em busca do empate, mas de forma desorganizada, sem sucesso.

Bahia

O Bahia também começou o Campeonato Baiano com um time alternativo, repleto de meninos do sub-20, enquanto o grupo principal realiza pré-temporada no exterior, em Girona, na Espanha.

Neste domingo, o Esquadrão não saiu do zero com o Jacuipense no Estádio Carneirão, em Alagoinhas (BA), na estreia das equipes pelo Estadual. A partida foi transmitida ao vivo pela TV Brasil, em parceria com a TVE Bahia.

Na quinta-feira, o Jacuipense visita o Jacobina no Estádio José Rocha, às 19h15. No mesmo dia, às 21h30, o Bahia encara o Atlético de Alagoinhas na Arena Fonte Nova, em Salvador.

O Tricolor foi a campo dirigido por Leonardo Galbes, novo treinador do sub-20. Entre os titulares, destaque à jovem promessa Ruan Pablo, atacante de 16 anos que, em 2024, já fazia parte do elenco de juniores. O zagueiro Marcos Vitor, o lateral Ryan e o atacante Tiago, que retornaram de empréstimo, também saíram jogando no Carneirão.

O Jacuipense começou a partida melhor, mas logo o Bahia, mesmo sem o melhor entrosamento, conseguiu tomar as rédeas do confronto. Em duas ocasiões, o goleiro Marcelo salvou o Leão do Sisal na etapa inicial. Primeiro em chute do meia Vitinho, da intermediária, que ainda desviou na marcação, aos nove minutos. Depois aos 38, em finalização do atacante Tiago, cara a cara.

O segundo tempo foi mais truncado, de poucas oportunidades. A chance mais clara surgiu aos dois minutos, depois de um erro da zaga do Jacuipense na tentativa de afastar o perigo da pequena área. A bola sobrou com Ruan Pablo, que bateu, mas a bola desviou no zagueiro Everson e saiu rente à trave esquerda defendida por Marcelo.



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2025-01/flamengo-alternativo-perde-do-boavista-em-estreia-pelo-carioca

Pesquisadores revelam histórias invisíveis de povos da Amazônia

Escondidos há pelos menos 12 mil anos sob a densa vegetação amazônica, vestígios dos povos originários se revelam aos poucos por meio dos conhecimentos indígenas e quilombolas, do trabalho de arqueólogos e da contribuição da tecnologia light detection and ranging (Lidar). O sensor remoto é colocado em pequenos aviões, que sobrevoam a floresta e emitem lasers para mapear sítios antigos.

É dessa forma que atuam os pesquisadores do projeto Amazônia Revelada: Mapeando Legados Culturais. Antes do Lidar, muitas descobertas arqueológicas foram feitas em áreas com movimentação de solo e transformação da paisagem. Caso dos geoglifos encontrados no Acre. Com o novo uso da tecnologia, é possível mapear áreas da floresta sem nenhuma intervenção física, como desmatamento ou escavação.

Nesse sentido, o projeto também tem como missão “adicionar uma nova camada de proteção para a Amazônia e ajudar a conter a destruição da floresta”. Para isso, pesquisadores locais, pertencentes aos povos tradicionais, têm trabalhado em conjunto no levantamento de elementos materiais ou inscritos na paisagem que remetem a sítios arqueológicos ou lugares significativos para as comunidades.

 

Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Imagem de sítio arqueológico obtida no projeto Amazônia revelada. Foto: Guilherme Gomes/Divulção
Imagem de sítio arqueológico obtida pelo projeto Amazônia Revelada - Guilherme Gomes/Divulgação

A coordenação é do arqueólogo Eduardo Neves, professor e diretor do Museu de Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), que trabalha há mais de 30 anos na Amazônia.

“Quando eu fui para a escola na década de 70, aprendi que a cidade mais antiga do Brasil era São Vicente, fundada pelo português Martim Afonso de Souza em 1532. No entanto, quem anda pelo interior da Amazônia e, particularmente pela cidade de Santarém, vai perceber que existe um solo muito escuro que a gente conhece como terra preta. Ele está cheio de fragmentos de cerâmicas produzidas por povos que viviam ali há pelo menos pelo menos 800 anos”, disse Neves, no TEDxAmazônia 2024, ocorrido em Manaus.

“A gente sabe que a presença indígena começa há pelo menos 13 mil anos. Em 1492, quando Cristóvão Colombo chegou às Antilhas, havia entre 8 e 10 milhões de indígenas em toda a região amazônica. A Amazônia que a gente conhece hoje em dia só existe por causa da contribuição dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos que formaram essa região”, complementou.

Manaus (AM), 10/01/2025 - Foto feita em 30/11/2024 - Eduardo Neves, arqueólogo, coordenador do Projeto Amazônia Revelada, fala durante a TEDx Amazônia, no Salão Rio Solimões. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Professor Eduardo Neves é arqueólogo e coordenador do Projeto Amazônia Revelada - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O arqueólogo destacou que o discurso colonial de desprezo às origens da Amazônia foi usado politicamente em diferentes momentos da história. E contribuiu para legitimar projetos de desmatamento e ocupação descontrolada da região.

“Eu me lembro de um slogan repetido pelo governo militar de que a Amazônia era uma terra sem gente, para gente sem terra. Isso fez com que camponeses que viviam em situações de conflito fundiário em diferentes lugares do país se mudassem para locais como Pará e Rondônia, e tivesse início uma história muito violenta”, disse. “Essa imagem da Amazônia como uma região esvaziada justifica a destruição da Amazônia hoje em dia pelo desmatamento, pela mineração descontrolada e pela abertura de estradas.”

O que o projeto liderado pelo arqueólogo quer fazer é inverter essa lógica, ao tornar visíveis contribuições milenares dos povos tradicionais, valorizar e proteger sítios arqueológicos, e trazer lições do passado que permitiram manter a floresta viva, de pé.

“Queremos fazer os registros e promover uma camada adicional de proteção para essas áreas ameaçadas”, disse Eduardo Neves. “Quando a gente fala sobre arqueologia, não é só sobre o passado. Também contemplamos as manifestações atuais das culturas dos povos da floresta, que nos ensinam como eles a construíram. Se existe uma solução para o futuro da Amazônia, é continuar apostando nessa diversidade e construir uma aliança entre o conhecimento científico e o conhecimento tradicional dos povos da floresta.”

Patrimônio linguístico

O Brasil tem, pelo menos, 274 línguas indígenas faladas por 305 etnias, segundo o Censo Demográfico de 2010. Muitas delas, porém, correm o risco de desaparecer na próxima década, por ter poucos falantes ainda vivos. A linguista Altaci Kokama luta para preservar esses sistemas culturais que são importantes não apenas para os povos indígenas, mas para toda a humanidade.

“As respostas para a cura da Amazônia e da Terra estão dentro dos próprios povos e das línguas indígenas que vivem nas florestas. São eles os detentores de conhecimentos essenciais para nossa preservação. Ninguém vive sem uma língua, sem uma comunicação. Preservar as línguas indígenas é preservar os saberes que estão contribuindo para salvar nossa biodiversidade”, defende a linguista.

Altaci Kokama se apresenta como guardiã da Amazônia. Ela é natural de Santo Antônio do Içá, Alto Solimões, no Amazonas. Pertence à etnia Kokama, que habita o estado brasileiro do Amazonas, partes do Peru e da Colômbia. O interesse pelo estudo das línguas indígenas surge da necessidade de ajudar parentes a entender o português e terem acesso “direitos usurpados pelos não indígenas”.

“A nossa luta começa do processo de fortalecimento da língua do meu povo na década de 80. Nesse tempo, eu deveria ter uns 10 anos. Em 2000 é que eu assumo a luta, porque um dos nossos principais guardiões, seu Antônio Samia, morre. E começamos a ter dificuldades em todos os processos de demarcação de terra, de fortalecimento da língua e dos nossos saberes. Conforme eu vou entendendo que a gente precisa de mais ajuda e de mais pessoas para a luta, começo a atrelar a minha formação com toda a luta pelo fortalecimento das línguas indígenas”, explica Altaci.

Ela se torna mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia (UFAM), doutora em Linguística (UnB) e copresidente da Força Tarefa Global para uma Década de Ação pelas Línguas Indígenas (Unesco). Atualmente, trabalha no Ministério dos Povos Indígenas, cedida pela Universidade de Brasília.

Manaus (AM), 10/01/2025 - Foto feita em 30/11/2024 - Altaci Kokama, linguista, primeira professora indígena da Universidade de Brasília, copresidente da Força Tarefa Global para uma Década de Ação pelas Línguas Indígenas (UNESCO), fala durante a TEDx Amazônia, no Salão Rio Solimões. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Altaci Kokama trabalha para preservar as línguas indígenas no país - Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Tudo o que existe na Amazônia tem um significado, uma história e uma narrativa para os povos indígenas. Tem uma raiz que retira o mercúrio da água, que se conhece a partir da história de uma árvore protetora na língua indígena. Se não fosse pesquisado a fundo seria só uma árvore protetora. Quando o pesquisador viu a história, coletou e foi fazer teste no laboratório, comprovou que a raiz dessa árvore, que fica à margem do Solimões, retira o mercúrio da água. Então, é um saber guardado dentro do povo. Está contribuindo para deixar o rio limpo. Quanto saberes nós temos que estão dentro das línguas? Os remédios e as curas que são passadas de geração para geração?”

Para que todo esse legado ancestral não se perca, a linguista pede maior atenção da sociedade e do Estado, com valorização e investimentos. “Os povos indígenas do Brasil estão conscientes de que a preservação parte de nós, mas o Estado tem que dar a sua contrapartida. Seja na educação, na política linguística de produção de materiais didáticos, para aparelhar os centros culturais, os centros de línguas das comunidades. Precisa haver uma campanha para valorização das línguas indígenas, com as quais podemos salvar o planeta, frear o aquecimento global. E isso tudo requer dinheiro, investimento nas pesquisas dentro da própria Amazônia.”

Amazônia Negra

Pelo tempo que habitam a floresta e pela conexão tão íntima que estabeleceram com ela, os povos indígenas costumam ser os únicos lembrados quando se pensa na história social da Amazônia. O antropólogo e quilombola Davi Pereira, de 45 anos, tem dedicado uma vida a mostrar as contribuições que as populações negras, descendentes de africanos, também tem dado ao bioma.

“Existe essa desvinculação do corpo negro com a ideia de proteção da floresta e da biodiversidade. E 75% da população da Amazônia Legal é composta basicamente por pessoas negras, essa combinação de pardos e pretos. Mas o que está na cabeça das pessoas é que não tem Amazônia Negra. Então você tem essa ideia que a Amazônia é só indígena. E aí não é uma coisa de competição. A gente sabe de todo processo e relação que os indígenas têm com a Amazônia”, diz Pereira.

“A minha questão é que nossos corpos e nossa ancestralidade também estão assentados na Amazônia, a partir do processo de diáspora forçada, consequência do crime da escravidão. Que nos mandou para cá no passado. A floresta também é nosso lugar de reconexão com a nossa ancestralidade. É um lugar que encontramos para recuperar a nossa humanidade. Como que a gente tem uma cosmovisão também assentada na floresta e uma epistemologia territorial que está relacionada a Amazônia”, complementa.

Davi Pereira é professor do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Também trabalha com assessoria de movimentos quilombolas. É original de uma comunidade quilombola chamada Itamatatiua, no município de Alcântara, Maranhão, e mora atualmente em São Luís.

“O meu avô e um tio-avô foram processados por lutar pela terra. Cresci testemunhando essa luta da minha comunidade, sempre com muito medo de perder o lugar que a gente morava. Até hoje, não temos um título da terra”, conta.

O antropólogo escolheu batalhar pelas comunidades quilombolas pela via intelectual, utilizando os conhecimentos acadêmicos na defesa de direitos. Um dos focos escolhidos foi a cartografia social e política.

Manaus (AM), 10/01/2025 - Foto feita em 30/11/2024 - Davi Pereira Junior, antropólogo, quilombola de Itamatatiua, em Alcântara (MA), historiador, mestre em Antropologia e doutor em Latin American Studies, fala durante a TEDx Amazônia, no Salão Rio Solimões. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O antropólogo Davi Pereira Junior destaca as contribuições da população negra para o bioma Amazônia - Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Fazer ciência através dos mapas pode ser algo poderoso na defesa dos direitos humanos e dos povos tradicionais. Por muito tempo, os mapas ficaram sobre o monopólio do Estado. Mas grupos indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco, passam a usar o mapa como arma contra o próprio Estado para requisitar direitos”, diz Pereira.

Uma das atuações do professor é na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), no processo de Alcântara contra o Estado brasileiro, por causa da base espacial que está no município desde 1983. Além das questões territoriais com os quilombolas, Davi Pereira questiona licenças e impactos ambientais da estrutura.

Nesse sentido, o pesquisador entende que conservar e proteger a Amazônia passam necessariamente pelo protagonismo daqueles que a habitam há milhares de anos.

“Cada vez mais as leis dos projetos neoliberais avançam sobre as florestas e dificultam a proteção da vida. E tem uma questão fundamental de como você usa os recursos naturais da floresta. Isso é parte da nossa vida, não é mercado. Nós estamos diante de um processo avançado na Amazônia que transforma territórios e corpos em commodities. E isso está consumindo nosso território”, destaca Davi Pereira.

“Os povos originários e os quilombolas são a solução contra a crise climática. A velha forma ocidental de fazer as coisas está nos matando. E não querem nos ouvir. Temos aí um caminho de desastre anunciado. E quem ainda banca a responsabilidade de manter as condições de vida na Terra são os povos e comunidades tradicionais, através da proteção à floresta”, conclui.

Série sobre a Amazônia

A reportagem faz parte da série Em Defesa da Amazônia, que abre o ano da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, em novembro deste ano. Nas matérias publicadas na Agência Brasil, povos da Amazônia e aqueles diretamente engajados na defesa da floresta discutem os impactos das mudanças climáticas e respostas para lidar com elas.

*A equipe viajou a convite da CCR, patrocinadora do TEDxAmazônia 2024.



source https://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2025-01/pesquisadores-revelam-historias-invisiveis-de-povos-da-amazonia

Hoje é Dia: terremoto no Haiti e morte de Zilda Arns completam 15 anos

A semana entre os dias 12 e 18 de janeiro tem uma data que rememora um acontecimento triste e relativamente recente. Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti foi devastado por um terremoto de magnitude 7,0, com epicentro a cerca de 25 km de Porto Príncipe. 

O número de mortes foi tamanho que não há uma estatística exata. Há estimativas de 220 mil mortes, de 230 mil mortes e até de 300 mil mortes. Em 2014, quando a tragédia completou 5 anos, o Repórter Brasil fez uma série especial de conteúdos sobre o país e o episódio: 

Uma das vítimas do terremoto que atingiu o Haiti em 2010 foi a pediatra e sanitarista brasileira Zilda Arns Neumann. Fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa (organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ela estava em missão no país quando foi vitimada pela tragédia. Em 2023, o nome dela foi, inclusive, incluído no livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Já a sua biografia foi contada no História Hoje em 2015

Aniversário de Belém, eleições e Bezerra

Ainda no dia 12 de janeiro (hoje), há o aniversário da cidade de Belém. A capital do Pará, famosa por pontos turísticos como o Mercado Ver-o-Peso e referência econômica na Região Norte, completa nada menos do que 409 anos. A história da cidade foi contada pela Agência Brasil em 2016. 

No dia 15 de janeiro, completam-se 40 anos da primeira eleição presidencial após o fim da Ditadura Militar. Ainda de forma indireta, o pleito elegeu Tancredo Neves (que faleceu antes de assumir o posto e deu lugar a José Sarney). Em 2015, a Agência Brasil tratou do episódio. Em 2023, foi o Na Trilha da História que falou sobre o assunto: 

Para fechar a semana, no dia 17 de janeiro temos os 20 anos da morte do célebre sambista Bezerra da Silva. Autor de sucessos conhecidos pela crítica social, ele já foi homenageado em alguns programa da EBC como o Roda de Samba (em 2015) e o Acervo Musical em 2020. 

Confira a relação completa de datas do Hoje é Dia da semana entre 12 e 18 de janeiro de 2025

Janeiro de 2025
12
      

Morte da pediatra e sanitarista catarinense Zilda Arns (15 anos) - irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

      

Publicação dos primeiros textos de Machado de Assis: as poesias "Ela" e "A Palmeira" (170 anos)

      

Aniversário de Belém (PA) (409 anos)

13
      

Morte do compositor, maestro e arranjador paulista Gabriel Migliori (50 anos)

14
      

Morte do radialista, ator de cinema e apresentador de televisão cearense César de Alencar (35 anos) - a partir de 1945, fez grande sucesso na rádio Nacional do Rio de Janeiro, lançando artistas como Emilinha Borba e Marlene. Comandou um programa que recebeu seu nome

      

Estreia da Ópera "Tosca", no Teatro Constazi, em Roma (125 anos)

      

Composição do dobrado "Dois Corações" do maestro fluminense Pedro da Cruz Salgado (105 anos) - considerado o hino das bandas musicais do Brasil

      

Corinthians é Campeão Mundial (25 anos)

15
      

Ocorre a eleição presidencial brasileira de 1985 (40 anos) - última ocorrida de forma indireta que, por meio de um colégio eleitoral, elegeu o Presidente Tancredo Neves

      

Início do funcionamento da Hidrelétrica de Paulo Afonso (70 anos)

16
      

Louis Compte, o abade e capelão francês, fez uma demonstração a Dom Pedro II da daguerrotipia (185 anos)

      

Dia da Lavagem das escadarias do Bonfim (data móvel) - acontece na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis, no mês de janeiro.

17
      

Morte do político, diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista pernambucano Joaquim Nabuco (115 anos)

      

Morte do cantor, compositor, violonista, percussionista e intérprete pernambucano Bezerra da Silva (20 anos)

      

Entra em vigor a lei que proíbe a produção e venda de bebidas alcóolicas nos Estados Unidos (Lei Seca) (105 anos)

      

O então secretário especial da Cultura do governo do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, fez um discurso semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels (05 anos) - após a repercussão, Roberto Alvim foi exonerado

18
      

Nascimento do compositor e crítico musical russo de ascendência francesa e lituana César Antonovitch Cui (190 anos) - foi um compositor extremamente prolífico, escrevendo muitas peças para piano, música de câmara, centenas de canções, peças para orquestra e várias óperas

      

Dia Estadual da Baía de Guanabara - foi determinado pela Lei 3616/2001, certamente para lembrar a data do vazamento de um tubo submarino que resultou em uma enorme mancha de óleo



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Guarda de Diadema (SP) é investigado por morte de rapaz em rodovia

A Polícia Civil investiga o envolvimento de um guarda civil, que estava de folga, na morte de um jovem, de 21 anos, no último sábado (11) n...